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Maria Pomba, 72 anos, na sua casa em Cabeção.Página 99.
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Luísa Garcia, à porta da sua casa em Cabeção com a cadela Luna.
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Maria de Lurdes Teles, 69 anos, no seu quarto de casal em Brotas.Página 125.
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Página 130. Mesa com fotografias da família de José Vicente Vinagre.
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Luísa Nunes no dia do seu baptizado em 1971, fotografa por AGP.
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“A morte é uma flor que só abre uma vez”, é o primeiro verso de um poema de Paul Celan que muitas vezes esteve presente durante a execução deste trabalho. Sempre que morre alguém, que foi fotografado por António Gonçalves Pedro (AGP), é enterrado um pedaço do património colectivo de Mora e também do processo do seu trabalho. A memória é vulnerável e preservá-la implica uma constante corrida contra o tempo. Estudar e arquivar devidamente a obra de um fotógrafo como AGP é urgente, e o apoio de todos essencial.

Não ter conhecido pessoalmente em vida AGP é uma fissura permanente em qualquer pesquisa que tente fazer sobre a sua obra. Posta esta urgência em encontrar com vida o maior número de pessoas fotografadas por ele, optei por concentrar todo o esforço em redor do livro editado em 2003. Este constitui um trabalho de muito tempo, de olhar criterioso e valioso que conceptualmente não pude ignorar.

O livro tornou-se, então, o centro do meu mundo. Procurei e fotografei as suas personagens. Passei-o de mão em mão, por entre olhos e ouvidos, sempre na esperança de uma identificação viva e de uma morada. Andava invariavelmente comigo, influindo em todas as relações e revelações, transformou-se num álbum de família contínuo, um álbum revisitado que não parava de se adensar com novas histórias, encontros e desencontros. Em pouco tempo, eu já não era o fotógrafo que pedia informações mas também alguém que informava e que recontava as notícias de quem se perdeu rasto no decorrer dos anos.

Para além dos retratos agora feitos, interessou-me também procurar as provas fotográficas reenquadradas que AGP entregava aos seus clientes. Desse modo acabei por mergulhar na vida interior dos originais álbuns de família, na casa de papel onde as pessoas arquivam a sua história. Ao mesmo tempo, percebi o impacto da ausência de um fotógrafo numa comunidade. Os álbuns de família estão cada vez mais vazios. Apesar de a fotografia se ter generalizado e de haver cada vez mais aparelhos fotográficos, as fotografias tiradas, ao invés de impressas, são enviadas em suportes digitais, reféns da instabilidade que advém de não se materializarem.
Este livro não encerra o meu trabalho, pois necessito demorar mais por Mora. Demorar porque o tempo escolhe o que perdura. Porque devemos escolher com o tempo, explicando-lhe também o que nos importa, o que nos identifica com dignidade e orgulho.

Nelson D’Aires
Abril de 2013